Páscoa: Entenda a crença cristã e as raízes dessa história

Michele

A Páscoa é uma das celebrações mais importantes para os cristãos ao redor do mundo. Para muitos, é um momento de reflexão, renovação e celebração da ressurreição de Jesus Cristo. No entanto, além dos ovos de chocolate e coelhos fofinhos, a Páscoa tem profundas raízes históricas e religiosas que remontam a milênios atrás. 

A Páscoa na Tradição Cristã

A Páscoa é o evento central no calendário litúrgico cristão e é celebrada por diversas denominações cristãs ao redor do mundo. Na tradição cristã, a Páscoa marca a ressurreição de Jesus Cristo, que é considerada a pedra angular da fé cristã.

A história da Páscoa na tradição cristã remonta aos Evangelhos do Novo Testamento, especialmente aos relatos encontrados nos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. De acordo com esses relatos, Jesus foi crucificado em Jerusalém durante a festa da Páscoa judaica, sob o governo do governador romano Pôncio Pilatos. Ele foi sentenciado à morte por crucificação após ser acusado de blasfêmia pelas autoridades religiosas judaicas da época.

Após sua crucificação e morte, Jesus foi sepultado em um túmulo, mas três dias depois, no domingo de Páscoa, ele ressuscitou dos mortos, conforme profetizado nas Escrituras. A ressurreição de Jesus é vista pelos cristãos como a prova de sua divindade e como a garantia da vida eterna para todos os que creem nele.

A Páscoa é precedida pela Semana Santa, que começa com o Domingo de Ramos, marcando a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e culmina no Domingo de Páscoa, o dia da ressurreição. Durante a Semana Santa, os cristãos participam de uma série de rituais e cerimônias que relembram os eventos da Paixão de Cristo, incluindo a Última Ceia, a crucificação e a ressurreição.

Uma das principais tradições da Páscoa na tradição cristã é a celebração da Ceia do Senhor, também conhecida como a Última Ceia. Durante este evento, Jesus partilhou pão e vinho com seus discípulos e instruiu-os a fazer isso em sua memória. Para os cristãos, a Ceia do Senhor é uma forma de se conectar com o sacrifício de Jesus e renovar seu compromisso com sua fé.

Além dos aspectos religiosos, a Páscoa também é celebrada de forma secular por muitas pessoas ao redor do mundo, com atividades como a caça aos ovos, a decoração de ovos de Páscoa e refeições festivas em família. No entanto, para os cristãos, a Páscoa continua sendo uma celebração sagrada e significativa que lembra a morte e ressurreição de seu Salvador e Senhor, Jesus Cristo.

As Origens da Páscoa

As origens da Páscoa remontam a tradições antigas que precedem o cristianismo. A palavra “Páscoa” tem suas raízes no hebraico “Pesach”, que significa “passagem”. Originalmente, a Páscoa era uma festa celebrada pelos judeus como parte das festividades da primavera, marcando a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito, conforme descrito no livro do Êxodo no Antigo Testamento da Bíblia.

A narrativa do Êxodo relata como Moisés, guiado por Deus, conduziu os israelitas para fora do Egito após uma série de pragas enviadas para persuadir o faraó a libertá-los. A décima praga, a morte dos primogênitos egípcios, levou o faraó a permitir a partida dos israelitas. Para se proteger da praga, os israelitas foram instruídos a marcar as portas de suas casas com o sangue de um cordeiro sacrificial. Essa ação resultou na passagem da praga sobre as casas marcadas, daí o termo “passagem”, ou Páscoa.

Durante a celebração da Páscoa judaica, as famílias se reuniam para um ritual conhecido como Seder, que incluía o sacrifício e consumo do cordeiro pascal e a ingestão de pão ázimo, simbolizando a pressa com que os israelitas deixaram o Egito, sem tempo para fermentar o pão.

Com o passar do tempo, a Páscoa judaica tornou-se não apenas uma celebração da libertação física do povo de Israel, mas também uma festa de renovação espiritual e lembrança da aliança entre Deus e seu povo escolhido.

Quando o cristianismo começou a se desenvolver como uma religião distinta do judaísmo, os primeiros seguidores de Jesus continuaram a observar a Páscoa judaica, mas com uma nova compreensão e significado, à luz da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Com o tempo, os cristãos começaram a celebrar a Páscoa como uma festa separada, marcando a ressurreição de Jesus. A data da Páscoa cristã foi estabelecida no Concílio de Niceia, em 325 d.C., como o primeiro domingo após a primeira lua cheia após o equinócio da primavera, estabelecendo uma ligação simbólica com as celebrações da primavera e a renovação da vida.

A Incorporação da Páscoa pelos Cristãos

A incorporação da Páscoa pelos cristãos foi um processo gradual que ocorreu ao longo dos primeiros séculos da era cristã. Inicialmente, os seguidores de Jesus eram judeus e continuavam a observar as festividades judaicas, incluindo a Páscoa, como parte de sua identidade religiosa.

No entanto, à medida que o cristianismo começou a se expandir para além das comunidades judaicas e atrair seguidores de diferentes origens culturais e étnicas, surgiram diferenças na prática e na compreensão das festividades religiosas.

Uma das questões mais significativas foi a data da celebração da Páscoa. Enquanto os judeus seguiam um calendário lunar para determinar a data da Páscoa, os cristãos gentios (não judeus) começaram a adotar um calendário solar. Isso resultou em divergências sobre quando celebrar a Páscoa, já que as datas não coincidiam entre as comunidades cristãs.

Além disso, os cristãos começaram a reinterpretar o significado da Páscoa à luz da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Para eles, a Páscoa não era apenas uma comemoração da libertação do povo de Israel do Egito, mas também um símbolo da libertação espiritual alcançada através da morte e ressurreição de Jesus.

O processo de incorporação da Páscoa pelos cristãos culminou no Concílio de Niceia, em 325 d.C., onde foi estabelecido um consenso sobre a data da celebração da Páscoa cristã. Foi decidido que a Páscoa seria celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia após o equinócio da primavera. Isso estabeleceu uma data fixa para a Páscoa cristã, separada da Páscoa judaica.

Além da questão da data, os cristãos também desenvolveram seus próprios rituais e tradições para a celebração da Páscoa. Isso incluiu a observância da Semana Santa, que culmina no Domingo de Páscoa, com rituais como a Vigília Pascal, que celebra a ressurreição de Jesus, e a comunhão eucarística, em que os fiéis compartilham o pão e o vinho em memória de Cristo.

Assim, a incorporação da Páscoa pelos cristãos representou não apenas uma mudança na prática religiosa, mas também uma nova compreensão do significado da Páscoa, como um símbolo da morte e ressurreição de Jesus e da esperança da vida eterna. Essa fusão de tradições antigas e novas crenças deu origem à celebração da Páscoa cristã, que continua a ser uma das festas mais importantes e significativas do calendário litúrgico cristão.

A Páscoa Hoje

Hoje em dia, a Páscoa é celebrada de várias maneiras ao redor do mundo, tanto por cristãos como por pessoas de diferentes origens culturais e religiosas. A Páscoa continua sendo uma das festas mais significativas do calendário religioso cristão, mas também adquiriu elementos seculares que a tornam uma celebração amplamente reconhecida e apreciada.

Para os cristãos, a Páscoa é um período de profunda reflexão e celebração da ressurreição de Jesus Cristo. A Semana Santa, que começa com o Domingo de Ramos e culmina no Domingo de Páscoa, é marcada por uma série de rituais e cerimônias que reencenam os eventos da Paixão de Cristo, desde sua entrada triunfal em Jerusalém até sua crucificação e ressurreição. Os cristãos frequentam serviços religiosos especiais, como a Sexta-feira Santa, que lembra a crucificação de Jesus, e a Vigília Pascal, que celebra sua ressurreição. A comunhão eucarística, onde os fiéis compartilham o pão e o vinho em memória de Cristo, é uma parte central dessas celebrações.

Além dos aspectos religiosos, a Páscoa também é comemorada de forma secular em muitos lugares ao redor do mundo. As tradições seculares da Páscoa muitas vezes incluem atividades como a caça aos ovos, em que ovos decorados ou ovos de chocolate são escondidos para as crianças encontrar, simbolizando a alegria da ressurreição. Outras atividades populares incluem a decoração de ovos de Páscoa, que podem ser pintados, enfeitados com adesivos ou até mesmo mergulhados em corantes especiais para criar padrões coloridos.

Além disso, muitas famílias e comunidades celebram a Páscoa com refeições festivas em família, que muitas vezes incluem pratos tradicionais associados à temporada da primavera, como cordeiro, legumes frescos e pães especiais. Bolos e doces decorados com temas de Páscoa também são uma parte comum das celebrações.

Para muitas pessoas, a Páscoa é uma oportunidade de reunir-se com entes queridos, compartilhar momentos de alegria e gratidão, e renovar esperanças para o futuro. Independentemente das crenças religiosas de cada um, a Páscoa continua a ser uma época de união, generosidade e reflexão sobre o significado mais profundo da vida e da morte. É uma oportunidade de lembrar a importância do amor, da compaixão e da esperança, valores que transcendem fronteiras e unem pessoas de diferentes culturas e tradições em todo o mundo.

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3 de abril de 2024